Acompanho há algum tempo o trabalho de André Lepecki e a Eleonora Fabião. André Lepecki é professor do departamento de Performance Studies da NYU e Eleonora Fabião professora do curso de Direção Teatral da UFRJ. Quando penso nos trabalhos desses criadores, fico especialmente interessado em como suas obras se organizam em torno de séries. É o caso de Palavrando que foi performado em diversas partes do mundo, e a cada lugar com variantes específicas do contexto em que eles (se) encontravam. Essa serialidade me parece bastante adequada ao pensamento de arte como processo. Além disso, ante à necessidade de inovação semântica tão exacerbada no mercado, a serialidade nos deixa ver os atos artísticos pelo que trazem de amadurecimento, recontextualização, intimidade e/ou desdobramento. É como nos 18 happenings em 6 partes de Kaprow reencenada por Lepecki e que coloca a performance repensada em sua própria temporalidade. Ou, ainda, como nas Ações Cariocas (e as de Bogotá, as Berlinenses, as Fortalezenses) em que Eleonora Fabião troca com quem quiser, percepções afetivas e políticas na vivência de espaços públicos, alguns dos quais sob poderes perversos que diminuem a própria potência do que podemos chamar de público.